Wednesday, April 26, 2006

Temas centrais da filosofia de berkeley tratados em aula

Segue a lista dos principais tópicos tratados em aula acerca da filosofia de Berkeley. Na seqüência estarei deixando essa lista impressa na pasta.
  1. O projeto filosófico de Berkeley, apresentado no Prefácio e na Introdução do Tratado – os alvos e os objetivos de seu programa "idealista" ou "imaterialista";

  2. As principais teses sobre as quais, segundo Berkeley, o ceticismo e o ateísmo que ele pretende atacar estão fundamentados:

    i. A doutrina das idéias abstratas (no caso da linguagem em geral, e no caso específico das demonstrações geométricas);

    ii. A doutrina da matéria ou substância material;

    iii. A tese realista segundo a qual as coisas seria distintas e existiriam independentemente das idéias através das quais as percebemos;

    (Atente não apenas ao conteúdo dessas teses, mas também à ligação entre elas, bem como aos argumentos típicos oferecidos em seu suporte, e o modo como, segundo Berkeley, cada uma delas levaria ao ceticismo.)

  3. A estratégia adotada para barrar o ceticismo e, desse modo, salvaguardar a confiabilidade nos sentidos e a posição do senso comum – argumentos contra i-iii;

  4. A radicalização da análise idealista para o caso de todas as qualidades sensíveis, i.e., não apenas às primárias mas também às secundárias;

  5. A natureza metodológica e filosófica do idealismo e do imaterialismo berkeleyanos, e sua relação com a concepção de mudno do senso comum, bem como em relação à da ciência;


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Um abraço,

Jonadas

Tuesday, April 25, 2006

Textos sobre Hume em Inglês

Para os que lêem em inglês, os seguintes textos sobre Hume podem ser úteis:

Abstract of A Treatise of Human Nature, by David Hume

Verbete David Hume (Stanford Encyclopedia of Philosophy -- especialmente seções 2-5)

Verbete David Hume (1711-1776): Metaphysics and Epistemology (The Internet Encyclopedia of Philosophy)

Traduções são bem-vindas. Em português, além do texto sobre o ceticismo humeano, que é muito bom, vale a dica que já dei num post anterior, o capítulo O EMPIRISMO BRITÂNICO de Uma história da filosofia ocidental , (D. W. Hamlyn, Jorge Zahar Editor, Tradução de Ruy Jungmann).

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Um abraço,

Jonadas

Monday, April 24, 2006

O que significa ser um céptico? Texto acerca do ceticismo humeano

Segue o link para o texto de Sara Bizarro, "O que significa ser um céptico?".

http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/cetico.htm

Extrato do início do texto:


David Hume é tradicionalmente classificado como uma filósofo céptico e até mesmo irracionalista. Mas, o que significa ser um céptico? Neste ensaio vou tentar clarificar em que sentido é que Hume pode ser considerado um céptico e que tipo de cepticismo lhe pode ser coerentemente atribuído.

O ensaio está dividido em três partes. Na primeira parte começarei por caracterizar o cepticismo radical, que é a versão tradicional do cepticismo. Defenderei que este tipo de cepticismo, sendo auto-refutante e abstracto, não podia ser o defendido por Hume. Caracterizarei em seguida o cepticismo epistemológico, diferente do cepticismo radical (uma espécie de falibilismo). Defenderei que Hume é partidário de um cepticismo epistemológico moderado.

Na segunda parte tentarei caracterizar aquilo que se costuma chamar "o lado construtivo da filosofia de Hume". Perante o dilema (ou pseudo-dilema) céptico, ou seja, perante a não fundamentação dedutiva do nosso conhecimento comum, Hume propõe o hábito como sendo simultaneamente a origem e a explicação das crenças humanas básicas. Esta solução, também chamada de "solução céptica", pode ser utilizada por quem queira defender a interpretação irracionalista da filosofia de Hume. No entanto, esta defesa só poderá ser considerada se o hábito for tomado como um propensão subjectiva mais ou menos irregular, o que não é o caso na filosofia de Hume. Para sublinhar o carácter não subjectivo e universal do hábito apresentarei a definição que Hume dá do hábito como instinto e introduzirei a ideia de "sabedoria da natureza" como estando na origem dessa propensão universal.

Na terceira parte, tentarei mostrar como a ideia de um Hume céptico é incompatível com a ideia de um Hume anti-metafísico (má metafísica); como o temperamento científico de Hume dá indicação de que ele não é um céptico no sentido forte; e como o cepticismo não é um resultado da filosofia de Hume mas apenas um instrumento ao serviço tanto da vida comum como das novas ciências da natureza. Para mostrar isto será também necessário clarificar o conceito(s) de razão implícitos nesta discussão e descartar definitivamente a hipótese irracionalista.

Como de costume, posso deixar uma cópia impressa na pasta, caso interesse a alguém.

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Um abraço,

Jonadas

Tuesday, April 18, 2006

Passagens dos Três Diálogos entre Hylas e Filonous

Como prometido, segue uma pequena seleção de passagens dos Três Diálogos entre Hylas e Filonous 1 que serão úteis na análise da filosofia de Berkeley. Na seqüência deixarei uma versão impressa na pasta.


Primeiro Diálogo:

(7)2 F: Concordo convosco — já quanto à tendência de certos filósofos de fazerem alarde de suas dúvidas, já quanto aos conceitos fantásticos de alguns outros. E tanto ultimamente tenho ido avante nessa maneira de ver as coisas, que abandonei não poucas das sublimes teorias que havia tomado nas escolas deles, a fim de me reverter às opiniões do vulgo. E garanto-vos que, depois de tal revolta contra as noções metafísicas, e em favor dos claros ensinamentos da natureza e do senso comum, tenho achado o meu intelecto estranhamente esclarecido; e tanto, que bem facilmente compreendo agora muito do que me aparecia como mistério e enigma.

(8) H: Comprazo-me de verificar que não é verdade o que a vosso respeito me disseram alguns.

(9) F: E o que foi, pode saber-se?

(10) H: Na prática que tivemos a noite passada, apresentaram-vos como alguém que quer dar como boa a mais extravagante opinião que pode ocorrer a um homem, a saber: que não existe substância material no mundo.

(11) F: Que não existe aquilo a que entre os filósofos se dá o nome de substância material — lá disso me persuado eu, e muito a sério; porém, se me levassem a ver de tal convicção qualquer absurdeza ou ceticismo, teria tanto motivo para renunciar a ela, decerto, como a que julgo ter agora para rejeitar a oposta. (DI, pp. 49–51)



Segundo Diálogo:

(36) F: [...] o mundo sensível é o que percepcionamos, graças aos sentidos de que somos dotados [e] os sentidos percepcionam tão-somente idéias [...] (DII, p. 82);


(42) F: [...] só percepciono, como é bem manifesto, as minhas próprias idéias, e nenhuma idéia pode ter existência que não seja a existência numa qualquer mente [...] (DII, p. 83).


Terceiro Diálogo:

(47) F: Reconheço que a palavra idéia, não sendo comumente empregada por coisa, soa a fora das marcas. A minha razão para me servir dela é que implica uma relação necessária com a mente; e usam-na agora comumente os filósofos para denotar os objetos imediatos do intelecto. Mas, por estranhamente que em palavras soe, nada há de esquipático e de repulsivo naquilo que realmente a proposição significa, e que não passa disto: só há coisas percepcionantes e coisas percepcionadas; [...] Pois será isto afirmação tão estranha como a de que não estão nos objetos as qualidades sensíveis, ou a da impossibilidade de nos certificarmos da existência das coisas, ou a de sermos incapazes de algo conhecer acerca das naturezas reais delas, se bem que as vejamos e que as tateemos, e que por todos os sentidos as percepcionemos? (DIII, p. 101 — segunda ocorrência de itálicos adicionada)


(96) H: [...] Ora, pode haver algo de maior evidência que ser certo que todas as coisas as mudais vós em idéias? Vós, que não tendes vergonha de me acusar de cético! É evidente; não há aí negá-lo.

(97) F: Compreendeste-me mal. Não é certo que mude as coisas em iéias, senão antes que as idéias eu as mudo em coisas: pois aos objetos imediatos da percepção, que para vós não passam de aparências das coisas, considero-os como coisas reais.

(98) H: Coisas! Podeis pretender o que bem quiserdes; o incontestável, porém, é que nos deixas as formas vazias das coisas; não mais que o exterior, o que nos impressiona os sentidos.

(99) F: Isso a que chamais vazias formas, exterior das coisas, parecem-me a mim as próprias coisas. Nem são vazias e incompletas senão em conseqüência da suposição que fazeis de que é a matéria uma parte essencial de todas as coisa corporais. Ambos concordamos neste ponto: só se percepcionam as formas senseis; mas divergimos aqui: que vós considerais essas mesmas formas como sendo unicamente aparências vácuas, e eu as considero como coisas reais. Em resumo: vós Hilas, não vos fiais nos vossos sentidos, e eu fio-me neles. (DIII, p. 107)


(125) F: Reparai bem: quando falo dos objetos existentes na mente, ou então como impressos nos nossos sentidos, releva que se não entendam as minhas frases no sentido grosseiro e literal, como ao dizer-se que um corpo está em um determinado lugar, ou então que na cera se imprimiu um selo. Não pretendo mais que significar, com isso, que a mente os compreende e os percepciona; e que do exterior é que é ela afetada, quer dizer: por alguma existência distinta dela. [...]

(126) H: [...] Não haverá aí, todavia, um abuso de linguagem de vossa parte?

(127) F: De maneira alguma. Só fiz o autorizado pelo uso comum — o qual constitui, como sabes, a regra do idioma: pois é correntíssimo entre os filósofos o falar dos objetos imediatos do intelecto como coisas que existem nas nossas mentes. [...] (DIII, pp. 110–111 — itálicos adicionados)


(131) F: [...] Se entendeis por idéias fantasias da mente, não mais do que ficções — então aquelas coisas [i.e., o Sol, a Lua, as estrelas, a terra, o mar, as plantas e os animais] não são idéias; mas se, pelo contrário, significais por idéias os objetos imediatos do entendimento; se denotais por esse termo as coisas sensíveis que não podem existir impercpcionadas, fora da mente — então aquelas coisas são de fato idéias. Mas em suma: que lhes chameis idéias ou que lhes não chameis idéias é coisa afinal que bem pouco importa. A única diferença está aí num nome. Na conversação comum, os objetos dos nossos sentidos não costumam receber o nome de idéias, e sim o de coisas. Continuai, pois, a designá-los assim; e contanto que lhes não atribuais aí uma existência exterior absoluta — por uma simples noção não discutirei convosco. (DIII, p. 111)


(179) F: Não tenho pretensão alguma de ser um fautor de doutrinas novas. Só o de unificar é que é o meu esforço, e o de fazer ver a uma luz mais clara essa mesma verdade que se repartiu até hoje entre os homens do vulgo e os filósofos; opinando aqueles que as coisas reais são as que imediatamente percepcionamos, e sustentando estes que são idéias as coisas imediatamente percepcionadas — idéias que existem tão só na mente. Pois tratai de juntar essas duas noções, e tereis a substância do que eu afirmo. (DIII, p. 119)


(181) F: Reparai, Hilas, nessa fonte de além. Em coluna redonda, ergue-se o repuxo até certa altura; nesse nível fraciona-se e já recai sobre o tanque: mas tanto à subida como à descida se conforma a àgua com uma mesma lei, que vem a ser o princípio da gravitação. De maneira análoga, aqueles princípios que à primeira vista nos impelem o espírito para o ceticismo — quando levados até certo ponto reconduzem os homens ao senso-comum. (D III, p. 119)

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Notas:

1Doravante simplesmente "D"; A edição utilizada para citação é da coleção Os Pensadores (1980). Para facilitar o confronto com outras edições, a paginação (p.) será sempre precedida pelo número do diálogo correspondente (I–III), bem como pelo número da fala (f.) de seus interlocutores.

2 O número entre parênteses indica a fala de cada interlocutor.

Monday, April 10, 2006

Tradução do artigo sobre Locke, parte II

O Jonas já traduziu as duas primeiras subseções da parte do artigo sobre Locke na Enciclopédia Stanford que indiquei para leitura. Essas subseções tratam, respectivamente, dos Livros I e II do Ensaio. Agora só falta a subseção final, que trata do Livro III. Parabéns pelo trabalho! Segue o link:

http://br.geocities.com/babel1800/Locke.htm

Thursday, April 06, 2006

Temas centrais do Ensaio

Como prometido, segue uma pequena lista de pontos que foram centrais na apresentacao da filosofia lockeana no Ensaio. Sugiro a todos que tentem reconstruir os argumentos fornecidos por Locke para fundamentar cada uma das teses abaixo, e, se possivel, que apresentem pelo menos uma dessas tentativas de reconstrucao para os demais, via email para o grupo de discussao, ou em aula. Além de servir como um ótimo exercício preparatório à prova, pois poderei corrigir eventuais falhas nas reconstruções e indicar o que espero de uma boa resposta, dependendo do esforço reflexivo e da clareza da apresentação, posso reservar alguns décimos extra aos que aceitarem o desafio.
  1. O projeto filosofico de Locke no Ensaio;
  2. Critica contra o inatismo dos princípios especulativos;
  3. A tese empirista segundo a qual todo nosso conhecimento deriva da experiência;
  4. A teoria da percepcao de Locke;
  5. A distincao entre qualidades primarias e secundarias;
  6. Condicoes para a comunicacao,
  7. A teoria da abstracao;
  8. Diferenca entre essencia real e nominal;
  9. Os diferentes modos de significar, conforme as diferencas nas ideias `as quas as palavras referem: ideias simples, de modos e de substancias;
  10. A teoria da substancia;
  11. Cr'itica contra o essencialismo aristotélico;
Abraco

Sunday, April 02, 2006

Mais links para artigos na rede: Descartes e Russell

Andei pesquisando o site da Crítica na Rede e encontrei mais dois artigos bastante úteis para acompanhar o conteúdo das aulas apresentadas até aqui:

O fundacionismo de Descartes, de Artur Polónio: apresenta os principais argumentos das Meditações que analisamos, além de alguns que não analisamos, e de críticas a esses argumentos.

Aparência e realidade, de Bertrand Russell: embora pretenda tratar desse texto mais adiante, quando estudarmos a filosofia de Russell, ele é ótimo para compreender o próprio problema filosófico da relação entre aparência e realidade, com o qual dei início às aulas.

Como sempre, caso alguém tenha dificuldade em ler e / ou imprimir os textos, posso imprimi-los e deixá-los na pasta.

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Um abraço,

Jonadas

Novos textos de Locke e Berkeley na pasta

Olá a todos,

Sexta-feira (31/03) deixei na pasta as páginas que faltavam do Livro II do Ensaio de Locke, bem como o artigo que mencionei no início da aula, sobre a classificação lockeana das idéias. Também deixei o Tratado Sobre os Princípios do Conhecimento Humano, de George Berkeley, (coleção Os Pensadores 1980), que passaremos a analisar a partir de quinta-feira. Os tópicos tratados por Berkeley nessa obra repetem-se nos Três Diálogos entre Hylas e Filonous , que constam nessa mesma edição dos Pensadores. Sugiro a quem puder que leia ambas as obras, para facilitar a compreensão dos argumentos. Alguns dos pontos que mais nos interessarão nas aulas seguintes são a crítica de Berkeley às doutrinas lockeanas das idéias gerais abstratas e da substância, e seus argumentos em favor do que costuma ser chamado de "idealismo berkeleyano" -- expresso pela tese de que só percebemos idéias, e que ser (para idéias) nada mais é do que ser percebido ( esse est percipii)

Como leitura adicional, além do capítulo sobre os Empiristas Britânicos mencionado num post anterior, sugiro o verbete Berkeley da Enciclopédia Standford, especialmente as seções 2 e 3. Mais uma vez, fica o incentivo para quem quiser traduzir esse texto para a turma, valendo pontos por participação.

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Abraço a todos,

Jonadas

Saturday, April 01, 2006

Tradução do artigo sobre Locke, primeira parte

Olá pessoal,

O Jonas está traduzindo a segunda seção do artigo sobre Locke na
Enciclopédia Stanford. Segue o link para a tradução da primeira parte
(sobre o Livro I do "Ensaio").

http://br.geocities.com/babel1800/Locke.htm

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Um abraço